(onde cantam dois e o Vasco ouve apenas um)
Estava
a traduzir, enquanto ouvia o CD que a minha mãe me enviou no Natal. O Vasco
veio aninhar-se perto de mim, a ler. Ouço-o trautear distraidamente a música.
Basta-lhe ouvir uma vez – uma única vez – uma música para conseguir trauteá-la
sem falhas. A memória musical da coisa pequena nunca cessa de me espantar. O
problema são os nomes. O Vasco tem um sério problema com os nomes. Sai-lhe tudo
do avesso. É capaz de se enganar sistematicamente no nome de alguém que conhece
na perfeição. Um membro da família, por exemplo. Mas, depois, arranja estratégias
deliciosa para contornar a questão, desencanta mnemónicas e estranhas associações
… cujo resultado, infelizmente, não é muito melhor. Foi assim que me perguntou,
seguríssimo: “Mãe, é o Jorge Godinho que está a cantar, não é?”. Está certinho. Eu não
diria melhor.
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