(onde a metáfora se torna real)
Há uns
tempos, fiquei a dever um favor a um colega de trabalho. Tinha prometido
acompanhá-lo a uma feira internacional, onde a nossa associação teria um stand.
Como a feira ficava para trás do sol-posto, ficou combinado que eu iria apenas
no último dia para lhe dar uma folga. A combinação foi feita com meses de
antecedência e, lamentavelmente, acabou por calhar no dia exacto em que os
rapazes chegavam de Portugal, depois das férias. Pedi imensa desculpa,
expliquei o motivo e disse que não poderia acompanhá-lo. O meu colega
compreendeu, mas sei que ficou chateado. Eu também teria ficado, se tivesse de
aguentar aquela estucha sozinha, quatro dias seguidos, fim-de-semana incluído.
Disse-lhe com sinceridade que lhe ficava a dever um favor, que poderia cobrar
quando quisesse. Que contasse comigo para o que fosse preciso. Que o próximo
fecho da revista ficava por minha conta. Que podia inclusivamente chamar-me, se
precisasse de ajuda para esconder o corpo que tinha ficado no meio da sala, na
sequência de um homicídio. Ele lá acabou por rir. Respondeu-me a brincar que
era pessoa para cobrar mesmo esse tipo de favor.
A sogra deste
meu colega foi encontrada morta há uns dias, em circunstâncias misteriosas. No
chão da sala. Ele e a namorada foram chamados ao local. E tiveram de limpar
aquilo tudo. Felizmente, a Polícia tratou do corpo.
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