(gracias a
la vida que me ha dado tanto…)
Hoje,
no final do dia, o meu amor inicia a longa viagem que o vai trazer de volta
para mim. E essa é a melhor prenda de anos que eu podia desejar… tê-lo lá longe
a preparar o regresso a casa. A uma nova casa. A um novo começo.
Estes
dois últimos meses foram de sonho. Apesar de vivermos os quatro amontoados num
T1, cão, coelho, porquinho-da-índia e hamster incluídos. Que fazem um barulho
desgraçado à noite, diga-se em abono da verdade. Apesar de dormirmos numa cama
de solteiro que também faz as vezes de sofá. E que está meia partida. Apesar
das dificuldades financeiras. Apesar de todo o trabalho que fizemos juntos em
prol da biblioteca da Apem ter desaparecido por magia. Apesar de o meu corpo
ter dado o grito do Ipiranga e estarmos com medo. Apesar de termos dois rapazes
com níveis de exigência diferentes constantemente a pedir atenção. Que fazem
barulho, gritam, discutem, insultam-se, andam à luta. Que por vezes nos fazem
ter vontade de mandar isto tudo pelos ares e partir à aventura. Apesar da raiva
crescente que sentimos por certas situações ignóbeis se manterem. Apesar de não
fazermos a mínima ideia de como vamos conciliar a sua ânsia de partir com a
minha vontade férrea de ficar. Apesar de nem sempre conseguir retribuir os
abraços porque os meus ombros falham. Apesar de Malempré não ter sequer uma
padaria e termos de dividir o carro. Apesar de eu ter descoberto que gosto de
viver sozinha e de ele nunca ter vivido com outra pessoa. Apesar de ambos
termos o nosso grain de folie. E de
nos agarrarmos à nossa liberdade como tábua de salvação.
Apesar
de tudo isto – dizia eu – os últimos dois meses foram dos mais felizes da minha
vida. Graças à sua presença. Porque o meu amor transforma tudo. Viver com ele é
algo absolutamente extraordinário. Ele enche as nossas vidas, que tinham tudo
para serem banais, de aventura. Esta semana, foi num pulinho a Itália fazer as
malas e entregar as chaves da casa, mas deixou-me um copo no parapeito da
janela com uma substância estranha qualquer, onde supostamente estão a formar-se
cristais. Porque o meu amor faz magia.
E
redescubro o mesmo sentimento que me invadiu quando os meus filhos nasceram. Sinto-me grata. Imensamente grata. E um bocadinho incrédula também. A primeira coisa que faço quando acordo é olhar para ele. Tenho vontade de o encher de
beijos, de festinhas, de dizer baixinho que o amo. De o mimar. De estar atenta
às suas necessidades. De cuidar dele. De o encher de prendas. Coisas parvas,
sem importância. Um poema. Um chocolate. Um café quando está concentrado a
trabalhar. O medicamento para a rinite que se esquece sempre de comprar. É uma
vontade de estar presente para o outro, à escuta no meio dos seus silêncios. De
andar de mão dada. Eu, que nunca gostei de andar de mão dada. Mas é assim que
estamos sempre, já percorremos muitos milhares de quilómetros de mão dada. E
sonhamos percorrer outros tantos. Porque o caminho tem sido tão doce!
Hoje
faço 38 anos. Recebi a melhor prenda de sempre. E só há uma música que me vem à
memória.
[ Obrigada também aos meus filhos. Sempre. Ao Diogo que gastou a sua mesada para comprar um livro de culinária do Jamie Oliver, que teve o cuidado de me vir oferecer à meia-noite exacta. Ao Vasco que decidiu que há imensas coisas grátis que me pode oferecer, como por exemplo uma massagem. ]
Muitos parabéns! E que esses presentes bons se multipliquem por muitos :)
ResponderEliminarAinda vou a tempo? Parabéns!
ResponderEliminarParabéns! E ter aqui deixado este "Gracias a la vida" foi uma boa prenda para quem a lê...
ResponderEliminarObrigada, meninas! :)
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