(porque os meus ombros
ainda não aguentam mais do que uma hora de carro)
Sou
absolutamente incapaz de viver muito tempo num sítio sem mudar a decoração. Fico
com nervoso miudinho. Quanto mais feliz estou, mais me apetece virar a casa do
avesso. Mas, por mais voltas que dê, não há lá grande coisa que se possa fazer
num T1… Por isso, desde que sei que vamos mudar de casa, ando imbuída de espírito
decorativo. E como tenho um pé a fugir para o chinelo, isso traduz-me por uma vontade
imensa de percorrer feiras, vasculhar velharias, calcorrear vendas de garagem,
ver lojas de móveis em segunda mão. Ando tão entusiasmada com a ideia de
decorar aquela casa enorme, que até já nem fico chateada por perder tempo na sala
de espera dos vários consultórios que tenho visitado ultimamente. Mal entro,
atiro-me logo às revistas de decoração, arquitectura, jardinagem… No outro dia,
só por vergonha é que não pedi ao ortopedista para me emprestar uma revista velha
que andava por lá perdida no meio da press
people de há dez anos atrás.
No
fim-de-semana, consegui finalmente contaminar os homens da casa com este anseio
decorativo. Decidimos aproveitar o sol para irmos dar um pequeno passeio até
Maastricht, que fica a uma hora de carro de Malempré. Lembro-me que, quando estive
aqui a fazer um ano de intercâmbio, ia muitas vezes com a minha “mãe” belga ao
mercado de Maastricht, aos sábados de manhã. Havia sempre uma enorme variedade
de tecidos a preços bastante acessíveis. Para além de todo o tipo de velharias.
Flores, fruta e legumes. Bolos…
Desta vez, mercado,
nem vê-lo. Parece que agora é só às quartas e sextas-feiras. Salvou-se o
passeio pela cidade que, afinal, até é bem bonita. Para mim, Lisboeta de gema,
nada bate um dia passado numa cidade solarega à beira-rio. Adoro o ar cool e desempoeirado que se respira nas
ruas da Holanda. Onde cada um pode fazer o que muito bem lhe apetece e ninguém
tem nada a ver com isso. Como de costume, o Vasco correu à nossa frente o
caminho todo, a brandir um pau contra inimigos imaginários. Conseguiu perder-se
de nós e mandar abaixo uns dez ciclistas. Como de costume, o Diogo seguiu-nos contrariado
com uma cara carrancuda, a arrastar os pés. Adolescência oblige. Por estranho que possa parecer,
no final do dia, ambos agradeceram o passeio com a mesma efusão. E eu recebi
uma prenda. À falta de velharias, o meu amor desencantou um rádio retro numa
loja, que vai ficar
a matar na minha secretária.
[
Mais tarde, continuo a narrar as aventuras deste fim-de-semana…porque o mercado
acabou mesmo por vir literalmente bater-me a porta de casa no Domingo. Agora,
tenho de ir fazer mais uma sessão de fisioterapia. Espero que a sala de espera
esteja repleta de revistas de decoração! ]
Sem comentários:
Enviar um comentário