terça-feira, 27 de maio de 2014

É melhor nem ler…

(onde se escreve um não-post envergonhado sobre as eleições)


Pela primeira vez na vida não votei. Mas doeu, que eu sou neta e filha de gente que se bateu pela liberdade e levo a vida cívica muito a sério. Com a história da mudança de casa, estou administrativamente dividida entre duas moradas e acabei por não me conseguir inscrever enquanto eleitora emigrante.

Hoje de manhã, fui ler o Le Monde para saber os resultados definitivos e, sinceramente, mais valia ter ficado quieta que até o café me caiu mal.

Alemanha, Aústria, Chipre, Croácia, Hungria, Letónia, Polónia, Eslovénia: Conservadores na liderança.

Bélgica: Separatistas flamengos na liderança.

Búlgária: Centro-direita na liderança.

Dinamarca, França: Extrema-direita na liderança.

Eslováquia: Sociais-democratas recuam.

Espanha: Conservadores e Socialistas perdem terreno face a pequenos movimentos, nomeadamente de esquerda.

Finlândia, Roménia: Direita na liderança.

Grécia: Esquerda radical na liderança por pouco, mas subida da Extrema-direita.

Holanda: Recuo da Extrema-direita.

Irlanda: Candidatos independentes na liderança.

Itália: Partido democrata na liderança.

Lituânia, Suécia: Sociais-democratas na liderança.

Malta: Partido Trabalhista na liderança.

Portugal. Oposição Socialista ultrapassa o Centro-direita e abstenção bate recordes.

Reino Unido: Partido Euro-céptico na liderança.

República Checa: Liberais na liderança.
 
 
Medo. Muito, muito, muito medo. Enquanto portuguesa, porque vejo que no meu país, aconteça o que acontecer, é vira o disco e toca o mesmo: parece que só há dois partidos e que o pessoal sai à rua apenas para comemorar vitórias futebolísticas. Enquanto estrangeira, porque vejo esta Europa a aproximar-se a passos largos de 1930 e parece que anda tudo cego. É que os outros também foram eleitos, é bom não esquecer. Em que raio de mundo irão os meus filhos viver?

3 comentários:

  1. Eu também estou com muito medo. Até há uns três anos, da situação económica. Agora, do crescimento da extrema direita. Também receio uma espécie de novos anos 30 do século passado.

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  2. Mesmo assim, quero muito acreditar que esta onda extremista vai acabar por amansar. Caramba, as pessoas não podem ser assim tão esquecidas (ou podem?). Acredito no papel das redes sociais para a divulgação da dimensão geral dos problemas e das dinâmicas regionais, nacionais e internacionais. Acredito que os defensores da democracia não irão permitir o avanço desmedido da onda, ainda não sei é através de que meios.

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  3. Acho que o esquecimento colectivo devia ser elevado a pecado capital, porque o preço a pagar é demasiado alto...
    :(

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