segunda-feira, 26 de maio de 2014

Aviso à navegação

(onde se tenta clarificar o que ficou mal explicado)


Escrever de chofre tem destas coisas… por vezes, as ideias só ficam claras na nossa própria cabeça. O que pensamos ser um esclarecimento transforma-se num convite à confusão. Os ecos a propósito do último post que escrevi – seja através da caixa de comentários, de e-mails ou até de um sms amoroso de uma amiga – fizeram-me perceber que não fui muito explícita. Que era precisamente o meu objectivo.

Nunca esteve em causa encerrar este blog. Eu pretendia apenas dizer que o “Amigo Imaginário” não pode ser um reflexo condicionado da minha existência. O que escrevo tem de ser um retrato real da minha vida, com o seu lado positivo… e negativo. Sem falsos filtros. Doa a quem doer.

O subtítulo deste blog é “Aventuras e desventuras de três almas perdidas algures no fim do mundo.” Não é um baby blog, nem um blog de moda. Não é um blog de teor filosófico. Muito menos desportista. Não se comentam aqui as notícias da semana. Não se fotografam pequenos-almoços, nem se faz o elogio da vida saudável. Não se tenta vender artesanato. Fala-se de aventuras e desventuras.

O “Amigo Imaginário” pretende apenas mostrar que a vida, tal como a concebemos, um dia pode acabar. Subitamente. E que isso se pode revelar uma excelente oportunidade para nos reconstruirmos. Para lutarmos pela nossa sobrevivência. Para mudarmos de vida. Para aprendermos a ser mais felizes, mais inteiros. Para nos voltarmos a apaixonar. Para crescermos enquanto pessoas. Nem que para isso tenhamos de nos mudar de armas e bagagens 2500 km para Norte, com duas crianças e um cão atrás, à procura de novas oportunidades. Não há problema. Tudo é possível. Há muitas formas de família. E muitos estilos de vida.

O que aqui escrevo é o relato do percurso que fazemos, dia após dia, para refazermos a nossa vida. Passou-se um ano e meio desde que deixámos tudo para trás e viemos viver para a Bélgica. Este caminho tem sido feito de muitos avanços e de alguns recuos. Nem sempre é fácil, há momentos muito difíceis. São as tais "desventuras". Mas sempre defendi que, enquanto forem dois passos à frente e um atrás, o saldo é positivo. Para mim, o saldo é largamente positivo. Contudo, se quero ser honesta para quem lê este blog, não posso centrar-me apenas nas coisas boas. Porque também há coisas más. O medo. As dúvidas. As dívidas. As más notícias. E o inimigo que, a salvo na sua trincheira de luxo, tenta minar o meu progresso. Se quero ser honesta, não posso deixar que o medo me paralise e me impeça de denunciar certas situações que me estão a fazer mal. Psíquica e fisicamente. Este blog não é, nem nunca será, uma arma de arremesso. Mas, a partir do momento em que começar a censurar o que escrevo para proteger os que amo e não atacar, por mera questão de princípio, quem desprezo, então, mais vale declarar a derrota. Ora eu não sou uma derrotista. Se houve uma coisa que aprendi, ao longo deste percurso, é que nós somos muito mais fortes do que julgamos. E o “Amigo Imaginário” tem de ser um reflexo desta luta. Das aventuras e das desventuras. É só isso.

2 comentários:

  1. Não tem muito a ver com o post mas já viste o filme "Labor Day"? Mais uma lindíssima história de amor que teve de lutar e esperar para realizar-se.
    E força nessa luta!

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  2. Ando tão por fora, que todos os conselhos sobre bons filmes são muito bem-vindos, Gralha! Obrigada. ;)

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