(porque
acho que nunca lhe agradeci)
Obrigada
por teres tido a loucura de fazer um filho por gosto, numa época conturbada, a
muitos milhares de quilómetros de casa. E por ainda hoje gostares da minha mãe.
Obrigada por teres ficado comigo, quando não existiam guardas partilhadas. Pela
“madrasta má” que me arranjaste, que me continua a infernizar a vida. Obrigada pela
infância deliciosa que me ofereceste. Tinha tudo o que uma criança precisa para
crescer feliz: liberdade e amor. Rédea solta. Irmãos. Tios. Avós. Muitos
amigos. Obrigada pelas colónias de férias. Obrigada pelos animais todos que me
deixaste ter, apesar de resmungares. Pelo Miró, de quem tenho tantas saudades. Obrigada
pela paciência com que assististe ao meu percurso escolar medíocre, único na
nossa família. Por me fazeres acreditar que o problema não era meu, mas da
escola. Por valorizares qualidades, por vezes, incompreensíveis. Por lutares
por mim. Obrigada pelas centenas de livros que nunca tive de pedinchar. Por
incentivares o saber. O questionamento A descoberta. A lucidez. A ética de vida. Por me ensinares a respeitar os
outros. Pelas aulas de equitação, a minha grande paixão. Por fazeres de mim uma
menina mimada, claramente insuportável. Mas muito amada. Obrigada por toda a
atenção que sempre me deste.
Obrigada
por me teres deixado ir viver contigo, quando me fartei de andar de mochila às
costas todas as semanas. Obrigada por me deixares ser uma adolescente algo
complicada. Por todas as actividades e desportos que pude experimentar, da
azulejaria ao judo. Obrigada por me passares o gosto pelas viagens. Por
conhecer o outro. Por me teres deixado partir, quando quis ir conhecer o mundo
pela primeira vez, muito antes de ter idade para isso. Foi um ano difícil, que
mudou a minha vida. Hoje, vejo que deve ter sido igualmente difícil para ti. Obrigada
por me ensinares que os homens também choram. Obrigada por todas as cartas que
me escreveste. Por incentivares a escrita. Por gostares das minhas histórias. Obrigada
por me teres deixado escolher o meu próprio rumo, diferente do teu. Pelos anos
de universidade absolutamente fantásticos, onde fui tão feliz. Pelo Mini, que me levava as mesadas todas. E por
acolheres sempre de braços abertos os amigos que passavam por nossa casa. Por
não ter horas de chegada. Por toda a confiança que depositavas em mim.
Obrigada
por teres dito o que pensavas, quando percebeste que estava a cometer um erro.
Não te enganaste, os anos deram-te razão. Obrigada por teres estado lá para me
amparar a queda. E me puxares para cima. E obrigares-me a acreditar em segundas oportunidades. Recomeços. Por me mostrares que o caminho pode
ser longo, pode ser duro, pode ser cansativo… tu estarás sempre lá para mim.
Mesmo que ao longe. E eu sou capaz. Obrigada por, mais uma vez, lutares por mim. Pelos meus
filhos. Obrigada pelo avô que és. Obrigada por teres sempre um novo livro para
me dares a ler. Um artigo, um vídeo. Por continuares a interessar-te pelo meu
crescimento enquanto pessoa. E por gostares de partilhar coisas comigo. Pelas
nossas conversas. Obrigada por encurtares sempre a distância. Obrigada por
todas as festinhas que me fazes na cara, depois de me dares um beijinho.
Obrigada
por aquele dia, nas férias grandes, em que me acordaste de madrugada, para
irmos os dois ver nascer o sol do cimo de uma montanha. Nunca me esqueci.
<3
ResponderEliminarNão desfazendo os outros pais todos, Naná! :)
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