terça-feira, 31 de março de 2015

A espera tem sido longa

(onde se mostra uma espécie de punching bag)


 
Há quase um mês que esperamos por uma decisão do tribunal que tarda, tarda, tarda… Tenho vivido este tempo em suspenso. Acho que nem sequer se pode chamar a isto viver. Tenho planado por estes dias. Mas a seco. Ou seja, sem ansiolíticos, soníferos, álcool ou tabaco. Não é fácil.

Às vezes, apetece-me extravasar o nervoso miudinho que vou acumulando à medida que os dias passam. Gastar energias. Descomprimir. Mas estou proibida de nadar. Quer dizer, a médica da medicina desportiva proibiu-me de praticar natação. Nadar, eu posso. O problema é que não sei nadar, só sei fazer piscinas como se não houvesse amanhã e isso dá-me cabo dos ombros. Creio que também daria cabo da fúria que sinto, mas pronto. Andar a cavalo teria o mesmo efeito, sei-o bem. Nunca me apeteceu tanto fazer ginástica de obstáculos. Simplesmente, não estou em condições de me aproximar de um cavalo. Eles sentem o nosso estado de espírito à distância. Acreditem, eu tentei. Resta-me a corrida, isso posso fazer à vontade. Mas correr ao frio e à chuva… acho que para mal já basta assim, como dizia a música da minha infância. O meu corpo não merece que lhe inflija uma tortura dessas.

Voltei-me para a única coisa possível. Não é considerada desporto, por isso não está na lista das actividades proibidas. Embora serrar, lixar, aparafusar, pregar e pintar cansem. Muito. Tenho as mãos numa miséria, cheias de feridas e de bolhas rebentadas. Todas gretadas e com as unhas partidas. Os ombros também me doem, claro. Vou deitar-me com o corpo cansado, mas um bocadinho mais descansada de espírito. As noites não são melhores que os dias.

O meu amor passa os dedos pelas feridas. Diz que ninguém teria encontrado uma forma mais produtiva de enfrentar este compasso de espera. Faz-me festinhas e curativos. Dá-me beijos. Diz que tem orgulho em mim. E elogia cada objecto construído de raíz que sai destas mãos. Mãos doridas, espelho do que me vai na alma.





4 comentários:

  1. Essa actividade é certamente mais prolífica que correr ao frio e à chuva. Mas há poucas coisas que descontraiam tanto como correr ao frio e à chuva. Só se for correr ao frio e à chuva no meio da floresta.

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  2. Agora, assim, de repente, lembro-me de outra actividade física que não implica frio nem chuva e que também descontrai... ;)

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  3. Enquanto vais esperando, não me podes fazer uns módulos para o quarto dos meus putos... davam-me um jeitão! ahahahahahah

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  4. Vou já abrir um negócio de exportação de móveis por medida, Naná! :)

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