(onde
se percebe que esta que vos escreve não tem perfil de blogger)
Gosto
muito de dar aulas à noite. Tenho praticamente o mesmo grupo do ano passado. Gente
mais velha, numa fase engraçada da vida… filhos crescidos, tempo livre para
viajar, namorar, estudar, divertirem-se. É bonito de se ver. Dar aulas a esta
malta é muito mais do que um trabalho. É o meu momento de descompressão da
semana. Farto-me de rir. Até porque, aos poucos, fomos criando laços que extravasam
a sala de aula. Debatemos ideias e problemas. Idealizamos viagens. Trocamos
livros, filmes e CDs. Enviamos mensagens uns ao outros. Acho que já nos
conhecemos todos bastante bem. Mas, depois, há sempre um lado lunar, secreto,
que nos apanha completamente desprevenidos…
Na
última aula, jogámos a uma versão aldrabada do “Verdade ou Consequência”, que
eu inventei para eles treinarem os tempos verbais. Neste caso, o pretérito
perfeito. Claro que a consequência é conjugar um verbo irregular, cantar uma
canção em espanhol, dizer cinco advérbios de lugar, etc.
Fiquei,
então, a saber que:
O
machão da turma passou um ano a escrever poemas de amor para conquistar a
amada. Estão juntos há 25 anos.
A
dona de casa típica dança o tango aos fins-de-semana. E diz que aquilo reavivou
o casamento.
A
colega do lado, diz que foi a viagem que fez no Verão passado com o marido pela
América do Sul.
A
stressada crónica já fez um périplo pela selva, na Tailândia. E gostou.
O
nosso holandês de serviço decidiu aprender espanhol para conseguir ler a “Hola”,
que compra religiosamente todas as semanas.
A
mãe de cinco tem aulas de rock n’roll aos domingos à tarde. Com o cunhado.
A
nossa testemunha de jeová admitiu que ia sacar material para os nossos debates
mensais num site dos jeovás que está
traduzido em várias línguas. E garantiu que aquilo é melhor do que a wikipedia.
A
misteriosa da turma vai aos Açores na Páscoa. Mas teve de dizer ao marido que
também falam espanhol por lá, para “rentabilizar” o serão semanal que passa na
escola.
A
outra holandesa confessou que insulta os colegas de trabalho em holandês. Depois de
demorada troca de ofensas, chegámos à conclusão que, de facto, o flamengo da
Flandres e da Holanda também difere nesse ponto.
Depois,
chegou a minha vez de lançar a dúvida: He escrito un blog el año que pasó. Desatou
tudo a gritar: “Mentira!”, “Não escreves nada!”, “Consequência, consequência!”,
“Vais ter de cantar!”... Sinceramente, não percebo. Eles contaram as coisas mais
estapafúrdias e a maioria era mesmo verdade, mas acharam impossível que eu
escrevesse um blog…
Agora que perguntas, fiquei a pensar... Não sei se o blog é uma coisa muito à frente, mas a verdade é que não conheço muitos blogs belgas. Talvez haja, mas não me parece que esta gente seja tão dada a botar discurso como nós! ;)
ResponderEliminarAcreditas que quando contei a duas amigas minhas, amigas daquelas do peito, desde tenra infância, que mantinha um blog, a cara foi de espanto total?!
ResponderEliminarE quando lhes disse que também tinha um blog de crafts?!
De repente parece que nos olham como se fôssemos ET's... não percebo!
Ó pá... pelo menos, não sou a única, Naná! ;)
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